Existe um nicho de viajantes, em sua grande maioria da terceira idade aproveitando suas aposentadorias, que já conheceu praticamente todos os destinos que são cartão-postal do mundo, como Rio de Janeiro, Nova York, Paris, Londres, Miami, e Roma. Com o tempo, por mais mágico que seja ver a Torre Eiffel pela décima vez, essas cidades já não satisfazem mais o desejo de viajar e conhecer o mundo. Um estilo de viagem que vem crescendo bastante nos últimos anos e que agrada em cheio esse público é o de cruzeiros de expedição, passando por lugares muitas vezes inalcançáveis com outros meios de transporte. Essa, inclusive, é uma das formas mais ecológicas de se conhecer áreas de preservação que não podem receber muita influência humana, deixando os locais praticamente intocados:
"Fato ecológico: Os cruzeiros deixam rastros menores de carbono porque eles não contribuem para a construção de hotéis, restaurantes, ruas e carros."
WARD, Douglas - Berlitz Cruising & Cruise Ships 2015
Ao contrário do que possa parecer, não é apenas o roteiro da viagem que é diferente em um cruzeiro de expedição; as particularidades vão muito além disso, trazendo uma experiência sem comparação com os tradicionais cruzeiros que somos acostumados, o que agrada em cheio os mais aventureiros.
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Orion Expedition Cruises |
Para começar, os navios em si já são muito diferentes. As embarcações usadas para esses cruzeiros são de no máximo pequeno porte, sendo mais comuns os navios boutique, levando até poucas centenas de passageiros por viagem. Como já vimos, quanto maior o navio, maior é o interesse no navio em si do que nos locais de escala (os chamados navios-destino); então no caso dos minúsculos e luxuosos navios de expedição, a viagem é praticamente toda voltada para os destinos por onde os passageiros irão passar, sendo o tempo a bordo usado para ficar na cabine, em um bar ou restaurante, assistir a palestras de especialistas e observar a paisagem.
Os principais destinos para onde os cruzeiros de expedição levam os seus passageiros são os Pólos Norte e Sul, Fiordes Chilenos, Ilhas Galápagos, Austrália e o Rio Amazonas. Para chegar aos locais mais frios do planeta, os navios são equipados com cascos reforçados, permitindo chegar bem perto das incríveis calotas polares da Antártida e do Ártico, por exemplo. Para fazer o transporte dos passageiros até a terra (ou o gelo), os navios de expedição possuem lanchas infláveis chamadas de Zodiacs, que, por serem bem mais leves que os Tenders, são capazes de parar em terra firme e depois serem puxados de volta para a água, já que não existem píers ou portos em praticamente todos os destinos.
Por se tratar de navios pequenos e com baixo calado, as viagens pelo Cabo Horn, ligando o extremo sul da América do Sul à Antartida, pode ser bastante "agitada". Esse local, onde o Oceano Pacífico e o Atlântico se encontram, é famoso por ter fortes ventos e ondas enormes, então os dois dias de navegação costumam ser inadequados para os mais propensos a enjoos. Caso isso não seja problema para você, essas embarcações costumam compensar a falta de opções de entretenimento com comidas e bebidas refinadas e serviço personalizado - o que torna as viagens bastante caras.
O mais icônico navio de expedição do mundo é o russo
50 Years of Victory, um legítimo quebra-gelo de 159 metros de comprimento movido a energia nuclear, capaz de abrir passagem em camadas de gelo de até três metros de espessura. O formato arredondado da gigante proa do
Victory faz com que o navio suba nas calotas polares, em vez de colidir nelas, deixando o trabalho de quebrá-las para as suas 23,5 mil toneladas, abrindo passagem até o extremo norte do planeta. A capacidade máxima é de 128 passageiros por viagem, distribuídos em 66 cabines.
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Dá para entender porque o 50 Years of Victory não é pintado de branco. Img |
Além do gelo
Cruzeiros de expedição passam também por locais um pouco mais quentes que as temperaturas de até 30ºC negativos do pólo norte e -80ºC do inverno na Antártida. O quente e úmido Rio Amazonas proporciona experiências opostas porém igualmente incríveis para os aventureiros exploradores. Por se tratar de cruzeiros fluviais, essa é a melhor opção para quem tem problemas com enjoo no mar - o que inviabiliza um cruzeiro oceânico de expedição.
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Nada mal conhecer o Amazonas assim! Img |
Algumas opções disponíveis vão de navios com tarifas mais acessíveis, como o
Iberostar Grand Amazon, a navios extremamente luxuosos e exclusivos, como os da companhia Aqua Expeditions. Ao descer em terra é possível conhecer de perto parte da vida selvagem da floresta com a maior biodiversidade do mundo. Passeios diurnos e até noturnos em pequenas lanchas estão disponíveis, permitindo observar os jacarés com um guia local especializado e conhecer a vida dos indígenas locais. Como tudo que é diferenciado tem seu preço, um cruzeiro de 7 noites no
Aria Amazon, da Aqua Expeditions, parte de US$ 8.120 por passageiro. No
Grand Amazon uma viagem com a mesma duração custa por volta de R$ 12.000 para duas pessoas.
O baixo calado dos pequenos navios de expedição permite que eles passem por cima da grande barreira de corais da Austrália (Great Barrier Reef), a maior faixa de corais do planeta, e cheguem até as Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico.
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Hurtigruten |
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Crystal Endeavor |
Com uma demanda crescente por esses cruzeiros, várias companhias vêm investindo em navios de expedição, como a Hapag-Lloyd, Silversea, e Hurtigruten. Essa última anunciou recentemente a construção de quatro incríveis navios com design assinado pela Rolls-Royce; a Crystal Cruises encomendou o
Crystal Endeavor, um exclusivíssimo iate que também fará cruzeiros de alto luxo pelas áreas geladas do planeta; e a Hapag-Lloyd, que já possui navios de expedição, divulgou a construção de duas embarcações cinco estrelas, com design mais conservador, que serão entregues em 2019.
Se você gosta de aventura, luxo, exclusividade e tem um bom dinheiro sobrando, com certeza vale a pena conhecer os cruzeiros de expedição! Eles podem não ser os mais populares, mas têm um índice de satisfação e retorno muito alto.
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Hapag-Lloyd |
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