Semana passada um dos maiores navios do mundo, o Anthem of the Seas, passou por uma tempestade com ventos de mais de 240km/h e ondas com até nove metros de altura, o equivalente a um furacão de intensidade 2. O navio estava fazendo a rota Nova York - Port Canaveral (no litoral de Orlando) quando enfrentou a tempestade no meio do caminho, próximo à costa da Carolina do Norte.
No dia em que saiu do porto de Nova York o mar estava tranquilo, mas ao amanhecer as ondas já estavam grandes e, ao longo de mais de 10 horas, os ventos ficaram extremamente fortes, chegando a entrar água nas varandas altas do navio. Diante do balanço acentuado da embarcação o comandante pediu para que todos os passageiros permanecessem nas suas cabines até que ele saísse daquela área, inclusive liberando o aluguel de filmes e o minibar das cabines sem custo adicional.
Passageiros de cabines externas, localizadas abaixo da área dos botes salva-vidas, tinham a sensação de estar em um submarino quando uma onda cobria a janela. Apesar do pedido do comandante, alguns hóspedes quiseram andar pelo navio e tirar fotos de cadeiras caídas, vasos quebrados e as piscinas que se esvaziaram com o balanço da embarcação.
A atitude do comandante de encarar a tempestade foi bastante criticada por vários passageiros, inclusive foi relatado que um navio da Carnival, que estava navegando atrás do Anthem, fez a volta e desistiu de seguir o caminho para onde a tempestade estava. Possivelmente as dimensões imensas do Anthem of the Seas encorajaram o comandante a seguir em frente, mas a tempestade mudou de direção e de intensidade, fazendo com que o navio de 168 mil toneladas balançasse bastante.
Em entrevista ao CNN, Greg Cribbs, um passageiro que estava a bordo do Anthem of the Seas nesse cruzeiro, relatou que no domingo (7) a cada hora eles eram atualizados pelo comandante sobre a situação da tempestade. "Quando ela ficou bastante ruim por algumas horas na noite, o capitão estava tão ocupado que nós passamos a ser atualizados pelo diretor do cruzeiro." Cribbs comentou que já fez diversos cruzeiros e que nunca tinha visto algo parecido com aquilo antes. "O comandante teve suas mãos ocupadas por um bom tempo lá. Créditos a ele por nos manter seguros. Não é fácil controlar um navio em ventos de 150mph!", concluiu.
A Royal Caribbean, em nota, anunciou que haviam apenas "danos estéticos" a bordo e que todos os passageiros e tripulantes estavam seguros, assim como a estrutura do navio, que é toda projetada e preparada para enfrentar tempestades dessas dimensões. Apesar disso, ao retornar para o porto de Nova York a Guarda Costeira Americana foi vistoriar o navio para confirmar se ele estava em condições de sair para o cruzeiro seguinte e foi constatado que o navio voltou com um dos propulsores sem funcionar. Uma porta-voz da Royal Caribbean confirmou ao jornal The New York Times que durante a tempestade realmente surgiram problemas técnicos com um propulsor, mas que "o navio é equipado com dois azipods e eles podem funcionar separadamente" e que "problemas com eles são muito raros de ocorrer, mas quando acontecem as partes são facilmente reparadas." Mais tarde, depois de vários trabalhos a bordo, o navio recebeu autorização para começar a nova viagem, que saiu com atraso.
Enquanto a tripulação trabalhava para manter o navio no meio da tempestade, para alguns passageiros a bordo aquele momento foi motivo de diversão. Nas redes sociais várias pessoas aproveitaram a internet de alta velocidade do navio e postaram diversos vídeos com o tamanho das ondas e fotos tentando ficar em pé no navio inclinado; inclusive selfies com a frase "Eu sobrevivi a um furacão" apareceram na web.
Das 6.145 pessoas a bordo, 4 se machucaram levemente, de acordo com a Royal Caribbean, e todos os passageiros receberão reembolso total da viagem e ainda 50% de desconto em um cruzeiro futuro. Em nota recente a Royal Caribbean pediu "desculpas por ter exposto seus hóspedes e tripulantes às condições climáticas que eles enfrentaram e por tudo o que eles passaram."
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