Está marcada para iniciar nesta segunda-feira a última fase da remoção do navio Costa Concordia, que afundou junto à ilha italiana de Giglio na noite de 13 de janeiro de 2012.
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Costa Concordia naufragado, na manhã após o acidente.
Imagem: Reprodução/ Wikipedia |
O acidente com o navio italiano Costa Concordia abalou o mundo há mais de dois anos, em uma época em que um acidente dessas dimensões envolvendo um grande cruzeiro era algo inadimissível, o que passava grande segurança para os milhões de passageiros que viajavam anualmente nesses imensos resorts flutuantes. Se por um lado a tecnologia utilizada (a mais moderna disponível atualmente) é praticamente infalível no comando dessas grandes embarcações, por outro a imprudência do ser humano foi capaz de transformar uma viagem de lazer em um pesadelo para mais de três mil passageiros.
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Navio já na posição vertical ,depois de ter sido erguido.
Imagem: Reprodução/ Wikipedia |
Naquela noite de 13 de janeiro de 2012, o
Concordia passava pela ilha de Giglio e o comandante Francesco Schettino resolveu, por conta própria, desligar o sistema de piloto automático do navio e passar próximo à costa em uma "saudação aos moradores da ilha" com apitos e luzes da embarcação. A trajetória que o navio estava realizando deveria passar a 9 km da ilha, se continuasse normalmente, mas, pela inconsequência do capitão, essa distância foi reduzida para 1 km, distância extremamente perigosa para um navio dessas dimensões, e a alta velocidade foi mantida, fator que agravou a situação ao colidir com as rochas de mármore submarinas não vistas pelo comandante. A batida abriu um rasgo de 70 metros na lateral esquerda e permitiu a entrada de milhões de litros de água a uma velocidade absurda, impossibilitando a ação das portas que serviriam para selar os vários compartimentos de água a bordo.
Quando aconteceu o acidente, 4.229 pessoas, entre passageiros e tripulantes, estavam a bordo e, desse total, 32 morreram. Esse número poderia ter sido muito menor se o comandante não tivesse demorado mais de uma hora para soar o alarme de emergência geral, o que só foi feito quando os passageiros já estavam embarcando nos botes salva-vidas por conta própria. Antes de dar a ordem para abandonar o navio, a tripulação tinha sido orientada para informar que aquilo não passava de um problema com geradores e que estava tudo sob controle.
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Trajetória do navio após colidir com as rochas.
Imagem: Reprodução/ Wikipedia |
Mais de dois anos após a tragédia, o navio já foi virado para a posição vertical (após uma gigantesca operação ano passado que envolveu 500 trabalhadores) e está com várias caixas acopladas nas laterais, que servirão como flutuadores. A última fase para a operação já tem data marcada: 14/07, segunda-feira. Nesse dia o navio será erguido poucos metros e retirado do local para fixar novos cabos que serão utilizados para rebocá-lo até o porto de Gênova, onde será desmontado. Esse processo de flutuação deverá demorar até uma semana, se tudo ocorrer como o planejado, e o transporte até o porto deve ser feito a uma velocidade de 2 nós (quase 4 km/h) e tem previsão de durar quatro dias.
Devido às enormes dimensões (290 metros de comprimento e 36 de largura) e ao peso (114 mil toneladas) do Costa Concordia, essa operação tornou-se um enorme desafio - o maior da história - para as equipes de resgate, composta pelas melhores empresas do ramo no mundo. O custo da remoção já chega à casa dos 2 bilhões de dólares, pagos pela Carnival Corporation, dona da Costa Cruzeiros; pela própria Costa; e por seguradoras. O comandante da embarcação está sendo processado, entre outros crimes, por homicídio e abandono de navio.
Apesar da insegurança causada pelo acidente, o mercado dos cruzeiros continuou crescendo ano a ano. Depois desse incidente as leis de navegação, que já eram rigorosas, passaram por modificações que tornaram ainda mais seguros os cruzeiros. Além disso, o caso do Costa é claramente resultado de erro humano, o que serviu de lição para os comandantes não efetuarem manobras arriscadas e passarem distante da costa do continente e de ilhas. Sendo assim, os navios continuam sendo um dos cinco meios de transporte mais seguros do mundo, com índice de acidentes absurdamente menores que aqueles registrados em automóveis.
A polícia italiana publicou um vídeo com filmagens feitas por mergulhadores dentro do navio há poucas semanas, mostrando imagens que lembram o
Titanic. O vídeo está no site YouTube e pode ser acessado através
deste link. Todo o processo de remoção do navio, que está marcado para começar às 06h da manhã (horário local), poderá ser acompanhado através
de uma câmera direcionada para o
Concordia, na ilha de Giglio. O resultado dessa operação, que não tem um "plano B", só poderá ser visto nos próximos dias, mas há grandes chances de ocorrer tudo certo.
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